segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

ENTREVISTAS

Contando e cantando a história da música sertaneja

Michel Teló resgata a trajetória de sucesso de cantores e duplas de várias gerações do gênero sertanejo: as entrevistas e musicais do Fantástico agora disponíveis em CD e DVD


DIVIRTA-CE entrevistou o cantor! Confiram!

Para Michel Teló é “um projeto pessoal que vinha desenhando há anos e que se tornou uma obra muito verdadeira”. Mas a real é que o DVD “Bem Sertanejo” é um documento da música brasileira, um importante tijolo que tanto serve como alicerce da história da arte do país quanto um produto delicioso de ser assistido. O DVD chegou às lojas pela Som Livre e é a compilação dos quadros que Teló registrou para o programa Fantástico. Nele, o cantor visita grandes nomes da música sertaneja, cantam hits do gênero e contam histórias e passagens das carreiras. O BLOG DIVIRTA-CE entrevistou Michel Teló, no meio de sua turnê interminável, com centenas de shows todos os anos.
Durante as gravações do "Bem Sertanejo", Michel tinha, quase sempre (por vezes o violão, e sempre o microfone) e canta junto a Gusttavo Lima e Luan Santana (“Saudade da Minha Terra“), Jads & Jadson e Almir Sater (“Chalana”), Jorge & Mateus (“No Mesmo Olhar”), Chitãozinho & Xororó (“Fio de Cabelo” e “Moreninha Linda”), Rick e Daniel (“Página de Amigos”, “Hoje Eu Sei” e “Mágoa de Boiadeiro”), Bruno & Marrone e Cesar Menotti & Fabiano (“Amargurado”).
A dupla Zezé di Camargo & Luciano também participa com “Ainda Ontem Chorei de Saudades”, assim como os artistas Milionário & José Rico (“Sonhei com Você”), Victor & Leo e Fernando & Sorocaba (“Fazenda São Francisco” e “Chico Mineiro”), Paula Fernandes (“Índia” e “Beijinho Doce”), Sérgio Reis (“Pinga ni Mim”), Eduardo Costa e Leonardo (“Telefone Mudo” e “Pedaço de Minha Vida”) e a inédita “Implorando pra Trair”, com Gusttavo Lima ao vivo.
Na sequência musical de uma hora cravada, dois ingredientes fazem a diferença. O primeiro é a presença do próprio Teló, que expõe o clima de amizade e companheirismo do gênero e todos, convidados e anfitrião, se apresentam soltos, como se não tivesse câmera para registrar. Conduz com maestria, em mistura de diretor de cena e produtor musical. O segundo é a própria dinâmica do registro. Em vez de cantarem em terreno estéril e neutro, como estúdio, todas as gravações aconteceram onde os artistas se sentiam mais confortáveis.
Assim, Almir Sater abriu sua  fazenda no Pantanal, Xororó, a própria casa, em Campinas (SP), em meio a churrasco preparado pelo próprio. Bruno, Marrone, César Menotti e Fabiano gravaram à beira do rio, em Uberlândia. Nada de cenário, nada de inserção posterior, tudo é ali, como se o espectador estivesse no meio da roda.
Os convidados foram escolhidos com a  ajuda de Teló. “São pessoas que admiro, que trazem conteúdo enorme na carreira. (O formato do programa) Já estava na minha cabeça, os convidados, a importância histórica deles, o que cada um representa. E executar com esses grandes nomes foi muito especial. Desde que me conheço por gente vivo neste mundo sertanejo. Então, imagina só”, diz Teló.
A segunda parte é igualmente saborosa. São as conversas que rolavam antes, depois e até durante a cantoria. Causos, muitos causos, e cada personagem contando generosamente como na prática contribuíram para essa transformação da música do campo em cartão de visitas do país e em um de seus gêneros mais prolíficos.
Claro que bastante coisa não coube neste (primeiro) DVD. “Com a Paula Fernandes, cantamos umas sete músicas, com o Xororó, nove. O repertório foi escolhido de modo bem tranquilo. Conheço o pessoal e sabia o que casava com cada um. Aí ligava, sugeria e fechávamos”, conta Teló. Vejam a entrevista de Michel Teló com o editor de cultura do Jornal O Estado, Felipe Palhano.

DIVIRTA-CE -  Essa ideia do seu novo CD e DVD "Bem Sertanejo", reunindo entrevistas e músicas inesquecíveis com os grandes nomes do gênero, foi sua mesmo? Como foi ser entrevistador do "Fantástico" toda semana?
MICHEL TELÓ -
Foi minha sim, tive a ideia de fazer esse projeto há muito tempo, em 2011, de contar e cantar a história da música sertaneja, mas, com o sucesso da música "Ai se eu te pego", acabei adiando um pouco. A ideia era fazer um DVD, e levamos o projeto desse DVD para o "Fantástico", e eles aceitaram fazer esse quadro no programa. Quem fez essa produção foi a galera do meu escritório, nós escolhemos as pessoas que queríamos, o "Fantástico" deu total liberdade para esse projeto tão verdadeiro e bacana, que acabou dando muito certo.

DIVIRTA-CE - Do "Fio de cabelo", com Chitãozinho e Xororó, até o "Pinga ni mim" com Sérgio Reis, passeando por clássicos do gênero com monstros sagrados da música sertaneja, qual foi a gravação que te deu mais orgulho de ter feito, que você gostou mais?
MICHEL TELÓ -
São grandes nomes, grandes ícones da música sertaneja. É difícil falar de um nome só. Você pega o Chitãozinho e Xororó, Milionário e José Rico eles têm uma história muito bonita! Almir Sater também foi muito legal, ir lá no Pantanal falar com ele. Das entrevistas que fiz, a que eu fiquei mais nervoso foi com a dupla Christian e Ralf. Eu ouvi muito eles na minha adolescência, eu curtia muito eles, então foi realmente muito especial.

DIVIRTA-CE - Me fale um pouco sobre o processo de gravação, como foi a escolha dos artistas e do repertório?
MICHEL TELÓ -
O DVD foi gravado nos lugares onde cada convidado se sentia bem. Almir Sater ama o Pantanal, meu pai também tem fazenda lá, eu fui criado no Mato Grosso do Sul. Foi lá que gravamos, como também na casa do Xororó, na casa do Jorge e Mateus, nos lugares onde as pessoas se sentissem em casa. O sistema de gravação foi mesmo inédito, a microfonação, para que a qualidade de som ficasse incrível e conseguimos fazer o áudio ficar espetacular. Tudo foi feito de uma maneira verdadeira, de pegar um violão, uma sanfona e tocar de um jeito generoso, para quem gosta da música sertaneja.

DIVIRTA-CE -  Você já conquistou o mundo com a música "Ai se eu te pego". Quais os lugares mais distantes, exóticos, diferentes, onde você se surpreendeu que as pessoas conheciam você ou sua música?
MICHEL TELÓ -
São muitos, mas tive a alegria de fazer show na Croácia, na Rússia, lugares que eu nunca imaginei de ir tocar, sabe? Nas Ilhas Maldivas, realmente, foi surreal! Recebo mensagens até hoje de pessoas que ouvem minha música tocando na Palestina, em Israel, em lugares que a turma está cantando o "ai se eu te pego" em português! Isso é muito especial!

DIVIRTA-CE - Você tem ideia de quantos países você já percorreu? Quais as situações mais loucas ou inusitadas que você passou por esses lugares, por ser de culturas diferentes ou com pessoas te agarrando...?
MICHEL TELÓ -
Na Romênia, eu não sei onde escrevi em português, mas eu falo muito "turma" durante o show... e eu não sei em qual dos países, se foi na Romênia, que me disseram que a palavra "turma" era uma palavra feia (risos). Na França, quando você está ali apresentando seu passaporte na Polícia Federal de lá, um policial veio me pedir para tirar uma foto comigo. Poxa, você já ser reconhecido na entrada do país é muito bacana!

DIVIRTA-CE -  O seu sucesso abriu as portas de uma nova geração e até impulsionou um novo gênero que surgiu com você, que é o sertanejo universitário. Você acha que esse "novo gênero" deixou de lado os tradicionais temas de dores e amores do sertanejo clássico, com letras mais simples, e investe uma música mais picante, moderna, com uma juventude diferente dos sertanejos que já está consagradaos. Como você analisa essa nova geração que surgiu com você, mas não é "do sertão" propriamente dito?
MICHEL TELÓ -
O mundo mudou muito. Você pega os anos 50 para cá, quando o Brasil deixou de ser um país rural, a música sertaneja também precisou se modernizar para acompanhar isso. Os anos 70 começou nos influenciando por meio da Jovem Guarda e o Brasil virou um país mais urbano. Nessa nova geração tem muita gente fazendo música boa. O povo vai para a festa, tem que ter a música sertaneja de festa, de balada. Fazendo um som com qualidade e responsabilidade.

DIVIRTA-CE - Você poderia apontar alguma dupla ou artista que você admire na nova geração?
MICHEL TELÓ -
Tem uma dupla que já faz bastante sucesso, e que estaá fazendo bacana no cenário do sertanejo que se chama Jards e Jadson, uns caras que cantam moda de viola mesmo. Eles fazem um trabalho muito bonito, tem várias músicas tocando muito e eu gosto do trabalho deles.

DIVIRTA-CE -  Você já ficou rico, milionário, com esse sucesso todo? Ainda aguenta tocar "Ai se eu te pego" nos shows, ou não suporta mais? (risos)
MICHEL TELÓ -
Essa música é muito especial para mim. O que "Ai se eu te pego" fez, nenhuma música brasileira fez até hoje. Uma explosão como essa, que teve mais de um bilhão de visualizações no mundo inteiro, é uma música que sou muito grato por tudo que eu vivi por causa dela, e adoro tocar nos shows. Ela traz alegria, a galera se diverte quando toco essa música nos shows, canta, isso não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Eu tenho alegria de poder cantar essa música, de ter gravado ela. E, claro que, essa música me trouxe uma tranquilidade financeira sim! (risos)

DIVIRTA-CE - O "Bem Sertanejo" foi um sucesso no "Fantástico" e está sendo muito bem aceito pela crítica em formato CD e DVD. Você pensa em fazer uma segunda parte com outros artistas? Quais os próximos projetos para 2015?
MICHEL TELÓ -
Eu teria material, com a galera que eu já gravei, para fazer mais uns dois, três DVDs. Com novo artistas, teria muita gente boa para gravar! Pessoas que fazem parte da história da música sertaneja. Quem sabe no futuro próximo eu possa fazer essa segunda parte. Mas meu próximo trabalho é um disco de músicas inéditas. Mas com certeza poderia fazer um "Bem Sertanejo" 2, 3, a música sertaneja é muito rica, tem um conteúdo muito grande para ser mostrado! Tem esse CD de inéditas que quero colocar música romântica, música de festa, mas tem outras coisas que não posso falar, ainda estão sendo formatadas. Eu adoro fazer coisas diferentes, mas são muitos shows para fazer o ano inteiro!


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