domingo, 2 de setembro de 2012

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“Headhunters” é um suspense norueguês de tirar o fôlego

Filme dos mesmos produtores de “Milennium” também terá remake americano

A raridade de assistir a um filme norueguês e a credencial de ter os mesmos produtores da trilogia sueca "Millennium" despertam a curiosidade inicial para "Headhunters", um thriller elegante, estiloso e bem sangrento. Filme do diretor norueguês Morten Tyldum, é a sua segunda adaptação literária para o cinema. Baseado no romance homônimo de Jo Nesbø, o roteiro também leva os créditos de Lars Gudmestad e Ulf Ryberg, responsável pelo roteiro do terceiro filme da trilogia Millenium – A Rainha do Castelo de Ar. O ritmo do longa e a qualidade dos efeitos especiais, além de uma certa crueza na representação dos fatos, faz com que as situações aflitivas nas quais o personagem interpretado por Aksel Hennie se envolve envolvam também o espectador. Além disso, a obra possui um encadeamento lógico inteligível e as tomadas de ação ocupam grande parte da trama, que possui, pelo menos, uma cena muito memorável.
Na história, Roger Brown (Aksel Hennie) é caçador de talentos de grandes corporações, sendo responsável por recrutamentos e entrevistas. Ele também faz uso de sua posição para caçar as vítimas dos roubos de obras de arte valiosas. Perito, utiliza o dinheiro extra para sustentar o alto nível de seu estilo de vida, acreditando que assim satisfaria sua esposa, Diana Brown (Synnøve Macody Lund), mulher inteligente, bonita e dona de uma galeria de arte. Em sua parceria com Ove Kjikerud (Eivind Sander) e seu caso amoroso com Lotte (Julie R. Ølgaard), Roger leva uma vida boa até ser apresentado a Clas Greve (Nikolaj Coster-Waldau), CEO de uma empresa líder em tecnologia de rastreamento.
Clas surge como uma presa dupla para Roger, primeiro por estar disponível para um cargo e, segundo, por ter uma pintura de Rubens muito valiosa sobre uma caçada. Em seguida, há uma reviravolta e ele se torna presa de sua caça. Durante o roubo, descobre que o homem caçado está tendo um caso com Diana e depois toma conhecimento de suas habilidades militares. Com isso, tem início uma longa e insistente perseguição. As alternâncias de caçadas, quem caça quem, estão bem administradas no filme. É aí onde está o poder de tirar o fôlego.
Aksel Hennie desempenha muito bem o seu papel. É interessante observar que se trabalha mais com a ameaça de ser capturado e com a aproximação do caçador, já que praticamente não há contato entre os dois. Clas costuma estar oculto, à distância, sendo que os pontos máximos de tensão são as curtas proximidades. Esses são elementos de medo. Em alguns momentos, as cenas poderiam ser cômicas e algumas parecem um pouco inverossímeis, certamente dando trabalho para a direção de Tyldum, ou para o espectador conter o riso.
No entanto, as demonstrações de medo e a aflição de uma fuga quase impossível acabam com a vontade de rir. Headhunters é um filme no qual há muito sangue, mas o protagonista não se machuca tanto. Como já foi mencionado sobre as relações lógicas, quase não há lacunas. O desfecho da trama está logicamente fundamentado, por isso é bom prestar atenção na apresentação dos fatos, porque eles servem para conectar os elementos do conflito. No geral, é um longa bem produzido.


VEJA O TRAILER DE "HEADHUNTERS" NA TV DIVIRTA-CE











“Jovens Adultos” chega às locadoras trazendo humor negro

Lançamento da Paramount, filme com a atriz Charlize Theron vale a pena ser visto

O humor negro e politicamente incorreto parece ser uma das ferramentas preferidas do diretor Jason Reitman, que vem se destacando nos últimos anos. Só que até agora ele não conseguiu repetir o êxito de seu primeiro filme, o ácido e hilário "Obrigado por Fumar", nem mesmo com o clássico aborrecente "Juno" e muito menos com o altamente comercial "Amor sem Escalas". Mas em "Jovens Adultos", ele surge novamente relevante com o tema "tudo isso é muito errado", configurando situações improváveis e simplesmente cômicas demais para não serem levadas a sério. Mas o mérito desse acerto não é só dele. Diablo Cody repete a parceria com o amigo diretor depois do estrondoso sucesso de "Juno". Seu roteiro dessa vez abandona as adolescentes para falar de algo mais próximo dela própria: uma escritora de obras somente para adolescentes.
Mavis Gary é uma ghost writer de Minneapolis, Minnesota. Ela é a responsável por todos os livros da série juvenil (por lá o termo é "young adult", sacou?) "Waverly Prep", que vendeu bem em um passado recente, mas que agora está em vias de fato. Divorciada e com 37 anos, Gary tem como missão escrever o capítulo final desta estudante heroína que, "coincidentemente", apresenta semelhanças incríveis com a escritora pirada. É a finalização de um extenuante trabalho pelo qual ela não recebeu reconhecimento algum. Coisa leve.
A verdade é que a mulher se encontra em uma crise existencial alicerçada por uma arrogância latente e muita falta de noção corrosiva. Tentando se sentir bem como um dia já esteve, ela parte para sua cidade natal, Mercury (único lugar onde é uma celebridade), buscando reatar com seu ex-namorado Buddy Slade, que está casado, feliz e que se tornou pai recentemente.  Ela pensa que Buddy está sofrendo com essa situação, na verdade está convencida disso, sempre reafirmando que sua "alma gêmea" vive em uma prisão. Esses sensatos pensamentos lhe ocorrem enquanto a mesma se afunda no seu apartamento que parece um lixão, sempre bêbada e assistindo os piores reality shows que existem por estes lados da galáxia. Um modo de vida fracassado que revela uma "pequena" ironia em seus argumentos. Todos os escritores são malucos (fato!) e ela não foge dessa regra, pois evidentemente está misturando as realidades em que vive, saindo do livro ou entrando nele, vice e versa.
E toda esta antipatia resulta, é claro, em situações totalmente inconvenientes, com pessoas de bem tendo que lidar com os chiliques da garota doida da cidade grande. Durante todo a fita somos conduzidos, avidamente, ao instante em que Gary quebrará sua cara de forma exponencial, uma ironia satisfatória no final das contas.
O fato é que "Jovens Adultos" é um filme muito diferente. Sua proposta em momento algum é agradar ou passar alguma lição de moral, aprendizado de vida e essas coisas. Se está esperando por isso, esqueça. O interessante roteiro faz o caminho inverso de quase tudo que tem sido feito em Hollywood ultimamente, montando uma personagem principal vilã, egocêntrica, hipócrita, maluca, detestável... mas extremamente engraçada. Um retrato deprimente da rainha do baile que todos odiavam. Não existe empatia ou afeto por Gary, ela é o caos em pessoa e merece sofrer (fato, novamente!). Se você gostar dela é porque é igual a ela, e daí não tenho nada mais a dizer.



O estilo indie de se fazer cinema é a marca registrada de Reitman, que entrega sempre um trabalho clean, leve, de fotografia eficiente, andamento fluido e orgânico, bonito de se ver. Sua direção antenada se une com perfeição ao texto de qualidades únicas de Diablo Cody. Realmente uma parceria de sucesso.
Charlize Theron andava meio sumida, mas voltou com excelência dando vida a sua Mavis Gary. Sem ter nenhuma piedade com o papel interpretado, ela entrega uma mulher com tantos problemas que fica difícil enumerá-los, um caso aparentemente sem solução. Pattoon Oswalt talvez seja um dos maiores destaques com seu Matt Freehauf, um nerd que sofreu muito na adolescência - ele foi espancado por pensarem que fosse gay, carregando sequelas dessa agressão pelo resto da vida. E Patrick Wilson faz o caipira Buddy Slade, um cara gente fina que definitivamente não serve de príncipe encantado, principalmente de sua ex-namorada do ginásio a qual não via a muitos e muitos anos.
"Jovens Adultos" não vem para agradar. Seu humor é incorreto e pode ser decepcionante para uma parcela do público, que espera algo tradicional destes filmes, como finais felizes cheios de explicações e resoluções morais. Aqui as coisas vão de mal a pior, como a vida real, e nada muda da noite para o dia. Vale a pena assistir.

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